Onde Surgiu a Erva-Mate: a Origem Indígena e a Trajetória Histórica da Planta
Artigos | Erva-Mate | 17/06/2025

A erva-mate (Ilex paraguariensis), planta nativa da América do Sul, tem uma história ancestral que começa com os povos indígenas do sul do continente. Mais do que uma simples bebida, a erva-mate é símbolo de identidade cultural, especialmente nos estados do Sul do Brasil, além de Paraguai, Argentina e Uruguai.
Sua trajetória envolve tradições indígenas, disputas coloniais, um ciclo econômico poderoso e uma herança cultural que perdura até os dias atuais. Vamos entender melhor onde surgiu a erva-mate e como ela conquistou seu espaço no coração dos sul-americanos.

A Origem Indígena da Erva-Mate
Antes mesmo da chegada dos europeus, a erva-mate já era consumida por povos originários como os Guaranis e os Kaingangs. Eles utilizavam as folhas da planta em rituais e no dia a dia, mastigando ou preparando infusões, que consideravam sagradas. Para os Guaranis, a erva-mate era um presente dos deuses, com propriedades de cura e comunhão.
Essas práticas foram os primeiros registros do consumo da erva, que se espalharia amplamente nas próximas décadas. A palavra “mate”, inclusive, vem do quéchua mati, nome dado ao recipiente usado para a bebida.
A Introdução da Erva-Mate à Sociedade Colonial
Com a colonização espanhola e portuguesa, os europeus passaram a observar o uso da erva-mate entre os indígenas. Inicialmente rejeitada pelos jesuítas, que associavam seu uso a práticas pagãs, a planta logo conquistou espaço nas reduções jesuíticas. Ao perceberem seu potencial social e econômico, os religiosos passaram a incentivar seu cultivo e consumo.
Foi nas reduções dos séculos XVII e XVIII que surgiram os primeiros cultivos organizados de erva-mate, especialmente no atual território do Paraguai, Argentina e do sul do Brasil.

O Ciclo da Erva-Mate: o “Ouro Verde” do Sul do Brasil
Durante o século XIX, o Brasil — especialmente o Paraná — viveu o chamado ciclo da erva-mate. A planta passou a ser exportada em larga escala e movimentava a economia de toda a região Sul. O auge dessa fase ocorreu entre os anos de 1850 e 1930.
O estado do Paraná, inclusive, foi profundamente impactado por esse ciclo. A erva-mate chegou a representar mais de 85% das exportações do estado e impulsionou sua emancipação política da Província de São Paulo, em 1853.
Principais Marcos do Ciclo da Erva-Mate:
- Criação dos primeiros engenhos de secagem e moagem no Paraná e Santa Catarina;
- Enriquecimento de famílias que ficaram conhecidas como “barões do mate”;
- Expansão das ferrovias e infraestrutura para escoamento da produção;
- Fortalecimento da identidade regional através do chimarrão.
A Erva-Mate Hoje: Tradição, Economia e Saúde
Hoje, o Brasil é o maior produtor de erva-mate do mundo, com cerca de 53% da produção global. Os estados do Rio Grande do Sul, Paraná, Santa Catarina e Mato Grosso do Sul são os principais polos produtores.
Além do tradicional chimarrão e do tererê, a erva-mate também está presente em cosméticos, suplementos alimentares, bebidas energéticas e até cervejas artesanais. Estudos mostram que a planta é rica em antioxidantes, vitaminas (A, C, E e do complexo B), minerais e cafeína, o que contribui para:
- Melhoria da concentração e energia;
- Estímulo da digestão;
- Redução do colesterol ruim (LDL);
- Ação antioxidante e anti-inflamatória.

Lendas e Curiosidades da Erva-Mate
Além de seu valor econômico, a erva-mate também está envolta em mitos e lendas. Uma das mais conhecidas é a da deusa Yarí, que segundo a mitologia guarani, presenteou a humanidade com a planta como forma de gratidão e equilíbrio espiritual.
Outra curiosidade é a palavra “chimarrão”, que vem do espanhol “cimarrón”, usada para designar algo rústico ou selvagem — uma referência ao estilo original de consumo.
Referências
- Instituto Brasileiro da Erva-Mate
- National Geographic Brasil
- Wikipédia
- Apremavi
- Gazeta do Povo
- Turistoria
Afinal, Você já Conhecia Essa Origem da Erva-Mate?
A história da erva-mate é mais do que uma curiosidade botânica: é uma narrativa sobre identidade, resistência, tradição e economia. E você, já conhecia essa trajetória? Como a erva-mate está presente no seu dia a dia?
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